domingo, 28 de agosto de 2011

Depressão bipolar

Cerca de 1% da população portuguesa sofre de Depressão Bipolar. É uma doença que altera as emoções de tal forma que pode conduzir à perda do emprego, à perda das ligações familiares e sociais, ao divórcio, ao suicídio, e ao sofrimento dos doentes e suas famílias. A Depressão não é causada por uma fraqueza pessoal, ou por falta de controlo - é uma doença que pode ser tratada com fármacos e psicoterapia em simultâneo, sendo esta ultima essencial ao processo de tratamento.
Estima-se que 25 a 30% das pessoas com sintomas da doença bipolar não estejam ainda diagnosticadas, até porque muitos doentes se recusam a aceitar ajuda médica, sobretudo quando se encontram na fase de euforia.
O diagnóstico da depressão bipolar não se faz por vezes na altura própria. Mesmo que simplificado, o reconhecimento das peculiaridades da Doença Bipolar diminuem a frustração dos doentes e dos que os rodeiam, possibilitando uma melhor qualidade de vida através de tratamento médico e psicoterapeutico adequado. A família e os amigos aprendem a reconhecer as oscilações do humor, pois a pessoa nega que esteja errada.
A Depressão Bipolar é uma doença psiquiátrica conhecida por Maníaco-Depressiva. É caracterizada por elevadas alterações do humor, com crises repetidas de depressão e de “mania”. Estas perturbações são repercutidas nas sensações, emoções, ideias e comportamentos, com consequências para a saúde e para a personalidade.
Uma crise pode durar alguns dias ou vários meses. Os períodos de estabilidade entre crises podem durar dias, meses ou anos. Também a previsão das crises varia consoante a pessoa. Umas terão uma ou duas crises durante a vida, outras caem repetidamente vezes em certas alturas do ano (caso não faça tratamento) e há ainda outras que têm mais do que quatro crises por ano, são os ciclos rápidos.
A doença pode começar durante ou depois da adolescência, especialmente entre os 20 e os 30 anos, e afecta ambos os sexos em percentagem idêntica.

Fase maníaca
A “mania” manifesta-se em estados de humor elevado, eufórico ou irritável. A pessoa sente-se alegre, altiva, sociável, inteligente e criativa. A elevação progressiva do humor e a aceleração psíquica podem trazer consigo alguns ou todos os sintomas:
Irritabilidade extrema (a pessoa torna-se exigente quando os outros não pactuam com as suas vontades)
Crença não realista das suas capacidades e poderes
Capacidade de julgamento pobre
Comportamento provocante, inoportuno e agressivo
Negação do óbvio, de que está errado
Energia elevada (hiperactividade), reduzindo a necessidade de sono e aumentando o abuso de álcool, medicamentos e drogas para dormir
Auto-estima elevada
Repentinas e imprevisíveis alterações emocionais (a fala é rápida, mudança frequente de assunto, nunca acabando o primeiro, os pensamentos aceleram-se)
Reacções excessivas e interpretações erradas de acontecimentos, irritação e dificuldade de enfrentar comentários banais
Dificuldade de assimilar ideias, transmitindo-as de modo errado
Maior interesse por diversas actividades
Aumento da vontade sexual
Não reconhecimento da doença, tenta recusar o tratamento
Culpar os outros pelo que ocorre de mal, inclusive pela própria doença
Perda da noção da realidade
Incoerência de actos

Fase depressiva
A depressão manifesta-se pela tristeza e pelo desespero. Deste modo, os sintomas são:
Obsessão com pensamentos negativos, não conseguindo afastá-los
Preocupação com fracassos ou incapacidades
Sentimentos de inutilidade, culpa excessiva
Perda de interesse ou prazer em actividades quotidianas (trabalho, hobbies, pessoas, familiares, amigos e sexo
Pensamento lento, esquecimento, dificuldade de concentração e em tomar decisões
Perda de energia, sentimento de fadiga ou agitação e inquietação
Preocupação excessiva com queixas físicas
Alterações do apetite e do peso
Dificuldades em dormir, ou dormir excessivamente
Choro fácil ou vontade de chorar sem ser capaz
Pensamentos repetitivos de morte ou suicídio
Uso excessivo de bebidas alcoólicas ou de outras substâncias
Podem existir crises mistas, de depressão e de “mania”. É o caso da Depressão Tipo I.O tipo II não apresenta episódios de mania, mas de hipomania com depressão (crises depressivas graves e fases leves de elevação do humor).
Há uma tendência para os pacientes fazerem várias crises de um tipo e poucas de outro; há doentes bipolares que nunca tiveram fases deprimidas e há deprimidos que só tiveram uma fase maníaca enquanto as depressivas foram numerosas.
A depressão e a “mania” graves podem ser acompanhadas por períodos de psicose que incluem alucinações (sentir, cheirar, observar coisas que não existem) e delírios (falsas crenças baseadas no ilógico, apesar da existência da evidências do contrário).
O melhor conhecimento, reconhecimento da doença e dos aspectos gerais de tratamento visam permitir uma colaboração mais activa entre todos (doente, família, médico psiquiatra, médico de família e outros técnicos de saúde). Trata-se da sua saúde e da sua vida.

Causas

As causas são multifactoriais. Uma infância pobre em afectos, mudanças e perdas afectivas, insegurança estão na base da génese da depressão bipolar. Depois existem várias teorias biológicas e genéticas que apontam para a mudança química que existe no cérebro quando das crises. Sabemos que as adversidades da vida, constantes e intensas, vão trazendo ao sujeito graves prejuízos ao nível da sua vida afectiva. Ao longo do tempo a química cerebral modifica-se e cada vez surgem mais episódios de bipolaridade. Quanto mais tempo passa mais difícil se torna estabilizar o humor.
Há que ter em atenção as fases agudas e a estratégia de prevenção das crises. Depois de uma crise um doente volta ao normal pelo que é necessário prevenir as crises.

Tratamento

Os tratamentos disponíveis farmacológicos (estabilizadores do humor, antidepressivos e antipsicóticos) e psicoterapia reduzem o sofrimento causado evitando as complicações devastadoras. O médico psiquiatra pode levar algum tempo até conseguir o tratamento adequado ao paciente.
A Psicoterapia, o diálogo sobre as emoções com um profissional qualificado, em associação com o tratamento farmacológico, proporciona suporte, educação e orientação para o doente e sua família.

Tenta conseguir a obtenção de novos comportamentos através da elaboração das emoções. No caso da depressão bipolar é necessário uma intervenção conjunta de medico psiquiatra e psicoterapeuta.