domingo, 11 de setembro de 2011

O primeiro dia de escola

O primeiro dia de escola é quase sempre um motivo de ansiedade para a criança. Se os pais puderem convêm mostrar-lhe o espaço físico da escola, exterior e interior e até os adultos que lhe serviram de referência. Claro que quase sempre isso só é possível em cidades pequenas, ou então se o seu filho frequentar uma escola privada.  
É na natural que nos primeiros dias de escola algumas crianças chorem por receio de deixar a protecção dos pais e porque enfrentar o desconhecido não é tarefa fácil, pode causar ansiedade e alguns sintomas físicos, como dor de barriga e de estômago. Muitas das crianças começam na escola muito cedo (aos 5 anos) e, embora estejam com um desenvolvimento cognitivo que lhe permite aprender a ler e a escrever, no que diz respeito ao desenvolvimento emocional a situação é diferente. Aos cinco anos, na minha opinião, é demasiado cedo para encetar uma vida escolar. O ideal seria a criança começar aos sete anos.
Perante uma situação de recusa em ficar na escola os pais ficam quase sempre muito aflitos e culpabilizam-se por estarem a submeter a criança a uma situação que lhe causa sofrimento. Se a criança chorar os pais devem manter-se firmes e carinhosos e conversar bastante com a criança sobre as vantagens de aprender coisas novas e também as oportunidades de fazer novos amigos e novas brincadeiras. Assegurar sempre à criança que não será abandonada na escola, que no final do período lectivos pais, mãe, avós, ou outros familiares significativos a iram buscar. Se os pais se mantiverem tranquilos, rapidamente as crianças interiorizam a nova rotina e a ansiedade desaparece.
A forma como cada criança irá ultrapassar a sua separação dos pais no primeiro dia de aulas, depende sempre dos factores de cada personalidade envolvida no processo (pais e criança) e da própria dinâmica familiar. A separação é algo inevitável na vida do ser humano. Se os pais preparam os filhos para a autonomia, então o processo é aligeirado, se, pelo contrário os pais são e foram muito protectores e não deram espaço para a criança experimentar coisas sozinho, então a entrada na escola pode -se complicar, levando mesmo a casos de recusa escolar ou fobia escolar.
Recusa escolar
O significado da recusa em voltar às aulas após as férias é diferente  da criança que se recusa a ir pela primeira vez. Algumas vezes essa recusa é motivada pela insegurança gerada por motivos como: doença de uma pessoa próxima, separação dos pais, excesso de atividades fora do período escolar (balet, natação, musica,futebol entre outras)  o receio de não corresponder às expectativas dos pais, notas baixas e dificuldades de aprendizagem anteriores, a troca de professores, e também o receio de que  os colegas sejam diferentes da turma em que estava. Esses costumam ser sintomas passageiros. Caso persistam, os pais devem procurar orientação com os profissionais da própria escola, com o médico pediatra e com um psicólogo . A família e a escola devem deixar claro para a criança que há uma parceria entre eles e que a criança se pode sentir segura.  No entanto todas estas medidas não servirão para nada se a criança não gostar da escola. Quando a criança não gosta da escola e os pais notam uma grande angústia é sempre prudente consultar um psicólogo para entender as reacções da criança.
Fobia escolar
A fobia escolar é um problema que surge desde o jardim-de-infância até à universidade. Pode surgir ao longo da vida, desde criança até adulto jovem. A sua incidência é maior no pré-escolar e creche, mas durante o primeiro ano da entrada na escola a sua incidência é de 2%. ´
Numa situação típica de fobia escolar, a criança/jovem logo de manhã acorda com queixumes de dor de barriga associado por vezes a vómitos, diarreias, dor de cabeça, com intensificação do sintoma à medida que se aproxima a hora de ir para a escola, com verbalização do tipo “…não quero ir para a escola…” ou por vezes na véspera poderá surgir a questão “…amanhã é dia de ir para a escola?...” ou “ hoje estou com febre” , estas situações leva a que os pais fiquem sempre muito angustiados e procurem uma forma de melhor lidar com a situação. Infelizmente há pais que não conseguem perceber que o filho não está assim por preguiça ou má vontade em ir à escola. Há uns dois anos vi uma criança ser arrastada para a escola num choro intenso, uma situação que já durava há algum tempo e que teve intervenção dos técnicos adequados. Estes pais atribuíam a recusa do filho em ir à escola a preguiça.
Na Fobia escolar da criança está, quase sempre, latente uma grande “ansiedade de separação” dos seus pais e do mundo que lhe é familiar e no qual se sente protegido.
Estas crianças geralmente, apresentam também, dificuldades em dormir sozinhas, medo de ir para casa de amigos, entre outras relutâncias em se distanciar das pessoas com as quais passa a maior parte do tempo.

É importante não ridicularizar a criança e se os sintomas persistirem por mais de algumas semanas deverá ser encaminhado para psicoterapia, com um psicólogo que seja psicoterapeuta.